O pecado mora ao lado

Este é um blog religioso. Irreverente, mas religioso. Religioso, mas irreverente. Neste espaço, quero discutir a delicada questão do pecado. Não desejo lançar culpas sobre ninguém, apenas refletir sobre o assunto. Estão publicados aqui também alguns textos que produzi para O Redentor. (Carlos Eduardo Melo)

sexta-feira, agosto 29, 2008

Ouça um bom conselho...




“Ei, Jesus Cristo, o melhor que você faz: deixar o Pai de lado, foge pra morrer em paz”

No mês de julho, a revista VIP publicou na seção “Preliminares” um comparativo entre três fases da vida do escritor Paulo Coelho: o homem comum, o mito e o parceiro de Raul Seixas. A cada tópico, eram atribuídas notas de acordo com fatos ocorridos ao longo da trajetória do Mago. No fim, venceu Dom Paulo Coelho, o parceiro de Raul Seixas. Só que uma nota zero, atribuída por causa de um conselho dado a Jesus na música “Al Capone”, causou-me santa revolta e levou-me a escrever para a redação da revista.
Muito me surpreende que uma revista como a VIP, conhecida pelo bom gosto e pela sensibilidade não só das fotos, ter atribuído nota zero para uma frase da música “Al Capone”, de autoria de Raul Seixas e Paulo Coelho, na matéria “Briga de Coelho grande”, publicada na edição deste mês. Há, na estrofe em questão, uma verdadeira e profunda reflexão acerca dos caminhos e descaminhos da vida humana (e do Cristo, em particular) que, parece, passou despercebida pelo pessoal aí da redação.

Muita gente esquece que Jesus, o filho de Deus, o Salvador, o Mestre, o Messias, apesar de todos esses epítetos, foi um homem. O Menino Jesus, por exemplo, por mais incrível que possa parecer, foi uma criança. Quando estava deitadinho na manjedoura naquela noite feliz, era apenas um bebê, que não sabia (como nenhum recém-nascido sabe) qual sua ascendência. Quando, adolescente, despistou José e Maria para ficar discutindo questões da sua fé com outros judeus no templo, já tinha alguma noção da missão que tinha a cumprir – mesmo assim, foi rebelde e audacioso como qualquer moleque da sua idade para dar um “perdido” nos pais e fazer o que bem entendia. Quando saiu em peregrinação, atraindo multidões e fazendo milagres, demonstrou além de vocação para liderança, uma indiscutível capacidade de sedução – e nem me refiro a sedução, aqui, exclusivamente no sentido que pode ser alimentado por boatos colhidos nas entrelinhas do Evangelho, sobre Maria Madalena, Marta e Maria ou a mulher adúltera...

Para um cara desses (ou como para qualquer outro, de todo modo), saber que vai ter que morrer aos 33 anos não deve ter sido uma descoberta agradável. Quantos aceitariam de bom grado uma sentença como essa? O que Raulzito e Dom Paulo Coelho dizem na música, então, é uma espécie de conselho sábio, um toque, com a lucidez e a intimidade próprias dos malucos beleza: “Ei! Jesus Cristo, o melhor que você faz é deixar o pai de lado, foge pra morrer (e viver!) em paz”.

Se o motivo do zero foi a irreverência contida na menção a tão ilustre personagem da História, trata-se de um critério equivocado. A intimidade dos compositores com Jesus é admirável, retira-o do pedestal e o traz para mais próximo. Peço, portanto, que reconsiderem o conselho dado, refaçam as contas e atribuam mais dez pontos para o parceiro de Raul Seixas.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Jesus é o cara!

10:25 PM  

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