O pecado mora ao lado

Este é um blog religioso. Irreverente, mas religioso. Religioso, mas irreverente. Neste espaço, quero discutir a delicada questão do pecado. Não desejo lançar culpas sobre ninguém, apenas refletir sobre o assunto. Estão publicados aqui também alguns textos que produzi para O Redentor. (Carlos Eduardo Melo)

quarta-feira, março 23, 2011

Perdoai e sereis perdoados


Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas (6,36-38)

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
"Sede misericordiosos,
como também o vosso Pai é misericordioso.
Não julgueis e não sereis julgados;
não condeneis e não sereis condenados;
perdoai, e sereis perdoados.
Dai e vos será dado.
Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante
será colocada no vosso colo;
porque com a mesma medida com que medirdes os outros,
vós também sereis medidos."
Palavra da Salvação.



Estava pensando em pessoas que julgam os outros e sobre o mal que causam - sobretudo quando somos nós o alvo do julgamento delas. É preciso muita nobreza de sentimentos para não se deixar contaminar. Impossível não concluir o quão nocivas são essas pessoas, pois, ao enxergarmos nelas essa horrível característica, estamos nós também recaindo no mesmo erro, julgando-as. É como um vírus que se dissemina. Será que essas pessoas que nos julgam e nos rotulam não são tão ruins (ou ainda piores) quanto julgam que sejamos (ou tenhamos sido)?


Que a fofoca é um mal devastador todo mundo concorda, e nem é preciso um dia ter sido alvo de algum mexerico inconveniente para se saber disso. Mas e para quem espalha o boato, difunde à boca pequena certo segredo, qual a emoção? Por mais que semeie discórdias e arrase reputações, ou até por isso mesmo, vai saber, o mais provável é que a sensação seja de absoluto poder.

A vizinha faladeira, por exemplo. Ela sabe tudo o que acontece na casa ao lado, as brigas, os xingamentos, os choros; conhece até os gemidos da intimidade do casal, e os dias da semana que costumam acontecer; pode falar das visitas que a família recebe e das que não recebe; e tem a conta certinha das garrafas de bebida alcoólica que se avolumam junto à lixeira do corredor. Os comentários maldosos da vizinha faladeira, cochichados pelos cantos do prédio, não a envergonham pela indiscrição; são, isso sim, moça bem-informada que é, um motivo de satisfação e orgulho.

Outro lugar bastante propício para a propagação de fofocas, por mais surpreendente que isso possa parecer, são as sacristias. Nesses casos, especialmente, por ocorrerem em igrejas, locais onde deveria imperar o sentido de amor ao próximo, o que mais fica evidente é a distorcida noção de pecado, pois evidentemente, nas sacristias, os assuntos focalizados geralmente envolvem os desvios de comportamento de algum paroquiano. Contudo, para o “sacro-fofoqueiro”, apontar os deslizes do irmão de fé jamais configura um pecado. Trata-se de uma prova irrefutável de sua impoluta superioridade. Pecado cometeu o outro – e que seja por isso difamado e apedrejado.

A propósito, segundo o site jurídico www.jurisway.org.br,, na difamação, imputa-se a uma pessoa uma determinada conduta que macule a sua honra perante a sociedade, sem que esta conduta seja definida como ilícito penal. Não importa se a conduta imputada é ou não verdade, a mera imputação já configura o delito. Pena: detenção de 3 meses a 1 ano e multa – fora a conta do dentista.



Falar algo de alguém é fofoca quando o que é dito não contribui para a solução do problema da pessoa em questão.

2 Comments:

Anonymous Emil said...

Farta distribuição de carapuças.

10:48 AM  
Anonymous Mari Goldenberg Camargo said...

Pelo visto andam falando mal de você por aí, seu pobre mentecapto.

3:52 PM  

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