O pecado mora ao lado

Este é um blog religioso. Irreverente, mas religioso. Religioso, mas irreverente. Neste espaço, quero discutir a delicada questão do pecado. Não desejo lançar culpas sobre ninguém, apenas refletir sobre o assunto. Estão publicados aqui também alguns textos que produzi para O Redentor. (Carlos Eduardo Melo)

segunda-feira, junho 13, 2011

Você quer estragar seu relacionamento? Então se case.

Disse o jovem padre durante a homilia: - O casamento deve ser para sempre, mas Deus não quer que ninguém sofra. Se num casamento não há respeito, as brigas acontecem diariamente, o que se deve fazer? Continuar insistindo nesse martírio diário ou procurar ser feliz de outra forma, num outro relacionamento ou mesmo sozinho?

A igreja ficava num tradicional bairro de classe média do Rio de janeiro. A assembleia era bastante variada, mas nos primeiros bancos era composta, em sua maioria, por senhoras com idades entre 60 e 70 anos. A pergunta do padre era mais de retórica do que propriamente um questionamento dirigido ao público presente àquela missa. E, pelo teor das palavras empregadas (sofrimento, brigas, martírio, em contraposição a ser feliz), dava bem para desconfiar qual linha de raciocínio o jovem celebrante pretendia seguir.

A resposta que veio dos assentos mais próximos ao altar, porém, foi taxativa:

- Insistir! Continuar!

Como diriam os antigos locutores de boxe, o padre balançou nos calcanhares, mas não caiu; assimilou o golpe. Tergiversou, evitou o confronto ideológico e tratou de abordar outro ponto menos conflituoso do evangelho do dia.

Óbvio que não cabe a padre algum que não pretenda ser punido questionar antigos preceitos da Igreja Católica. O melhor caminho para qualquer mudança dogmática certamente não é uma pregação polêmica numa missa, sobretudo em uma igreja de um bairro conservador. Isso, o jovem padre percebeu - como os mais atentos puderam ver ao reparar seu desconcertado sorriso amarelo, diante das respostas convictas das senhoras paroquianas de cabelos tingidos dos mais variados matizes.

Independentemente de ser bem-formado ou não, se um jovem padre ameaça questionar um costume tão arraigado na coletividade quanto o casamento, é porque realmente as evidências ganharam uma proporção tal que não se pode mais ignorá-las, ou sequer fingir que não existam. Convenhamos que é preciso admitir que, de fato, algo não vai lá muito bem mesmo com a sagrada instituição do matrimônio – e, por conseguinte, com a preciosa célula mater da sociedade, a Família.

Não se trata, contudo, de falência do núcleo familiar em si. Os novos formatos de famílias, frutos de uniões desfeitas e de posteriores novas uniões, comprovam isso. O insucesso parece ser, isso sim, do sacramento do matrimônio, cuja indissolubilidade é decretada pela Igreja.

Do chulé ao mau hálito, da falta de caráter ao alcoolismo, razões não faltam para se (tentar) justificar o ocaso de um casamento. Fim do amor e fim do respeito, entretanto, parecem ser os mais fortes argumentos a favor do rompimento; afinal, como disse o jovem padre lá do início, quem, nos dias de hoje, aceita viver um martírio diário de brigas, ofensas e humilhações? Nem a existência de filhos consegue mais sustentar uma situação assim degradante. Já, por sua vez, alegar a ação da rotina, que, realmente, desgasta qualquer relacionamento, para explicar a interrupção de uma união estável é uma tamanha demonstração de imaturidade, de inconstância, de falta de preparo para assumir com responsabilidade a criação de uma família, que, para evitar comentários desdenhosos entre familiares e amigos, convém que se procure outro pretexto.

Certa vez um amigo me disse que tinha uma teoria a respeito desse negócio de casamento e separação.

- Se todos os casais pudessem morar em casas bem grandes, de dois, três andares, o número de divórcios ia cair pela metade. Quando um estivesse de picuinha com o outro, ficava cada um num andar da casa e pronto. Não se viam, não precisavam falar. No dia seguinte, ficava tudo bem. Agora vai brigar em apartamento pequeno, com um banheiro só. Tudo é motivo de mais briga e mais discussão.

De fato era uma tese bastante respeitável – e seria bem mais até, não fosse ele um solteirão convicto, absolutamente avesso ao casamento.

E agora alguns ainda andam por aí defendendo o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Não tenho muitos argumentos para dizer se isso é bom ou ruim, ao menos não sem ferir certas suscetibilidades, por isso abstenho-me de opinar. Que cada um faça a sua opção. Não dá para dizer, por exemplo, que à uma união homossexual é preferível se coabitar com 13 gatos, ou com um cachorro, ou com uma galinha – e convém ressaltar que não há nenhuma metáfora de duplo sentido oculta aí nessas entrelinhas; refiro-me aos animais domésticos mesmo.

O que fica evidente nessa história toda é que o matrimônio, nos moldes tradicionais, já não é mais o sonho idealizado que era antes. Por isso, diante da constatação de que esses acontecimentos são cada vez mais raros, vou listar abaixo uma relação dos aniversários de casamento e suas respectivas bodas comemorativas, para o caso de alguém desejar celebrar.

Até onde sei, vale para qualquer tipo de união.

1 ano – bodas de algodão

2 anos – bodas de papel

3 anos – bodas de trigo ou de couro

4 anos – bodas de flores e frutas ou de cera

5 anos – bodas de madeira ou de ferro

10 anos – bodas de estanho ou de zinco

15 anos – bodas de cristal

20 anos – bodas de porcelana

25 anos – bodas de prata

30 anos – bodas de pérola

35 anos – bodas de coral

40 anos – bodas de rubi ou de esmeralda

45 anos - bodas de platina ou de safira

50 anos - bodas de ouro

55 anos - bodas de ametista

60 anos - bodas de diamante ou de jade

65 anos - bodas de safira

70 anos - bodas de vinho

75 anos - bodas de brilhante ou de alabastro

80 anos - bodas de nogueira ou de carvalho


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