O pecado mora ao lado

Este é um blog religioso. Irreverente, mas religioso. Religioso, mas irreverente. Neste espaço, quero discutir a delicada questão do pecado. Não desejo lançar culpas sobre ninguém, apenas refletir sobre o assunto. Estão publicados aqui também alguns textos que produzi para O Redentor. (Carlos Eduardo Melo)

quarta-feira, agosto 16, 2006

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Só porque hoje eu estou triste,
penso que seja dia de fazer graça.
A matemática de Jesus
Pedrinho era um menino de 9 anos, levado como a maioria dos meninos da sua idade. Não queria saber de estudar. Quando não estava na escola, passava o dia ou no computador ou no PS2. Era um desastre em matemática (menos um pouco em Português, Geografia e História), mas ninguém podia dizer que era burro. O menino era um assombro no GTA, no Winning Eleven, no Worms e sei lá mais em qual jogo.
Ao receber mais um boletim, o pai ficou desolado. Como não tinha nenhuma disciplina com o nome de PS2, por exemplo, as notas foram todas bastante fracas, mas sobretudo em matemática.
Preocupado, o pai não perdeu tempo. Primeiro suspendeu o uso do computador e do PS2, depois decretou duas horas por dia de estudo de matemática. O resultado foi pífio. Talvez pela falta de ritmo mental, perdida certamente com a retirada dos jogos eletrônicos, Pedrinho teve um desempenho ainda pior.
Seu pai contratou uma professora particular, para acompanhar o garoto nos estudos. A despesa em casa aumentou consideravelmente, mas os testes mostraram que, na prática, o problema persistiu.
Desesperado, como último recurso, o pai resolveu apelar para um tratamento de choque. Num sábado, pegou o menino pela mão e o levou até um colégio de padres que havia na outra rua.
- Filho, já tentei de tudo – ele disse. - Caso suas notas de matemática não melhorem, vou matricular você aqui neste internato.
Pedrinho arregalou os olhos. Imaginou como seriam seus dias naquele ambiente austero, salas grandes e mal iluminadas, tetos altos, corredores imensos e silenciosos, um enorme crucifixo, onde um impressionante Cristo sangrava abundantemente.
Na semana seguinte, o resultado dos testes surpreendeu. O menino tinha passado de 2,5 para 8,2. O pai ficou eufórico. Eufórico, mas desconfiado. Pedrinho devia ter colado de alguém, só podia ser.
Durante a semana, mesmo sem a professora particular, o menino passava horas no quarto, com a cara enfiada nos livros. Várias vezes, o pai entrara de surpresa, na tentativa de surpreendê-lo lendo algum gibi. Nada.
Vieram as provas e a nota de matemática veio ainda melhor: 9,0. O pai foi dar parabéns ao menino.
- Mas me conta, filho. Eu já tinha feito de tudo para você estudar e nunca adiantou nada. De repente, você começa a tirar só nota boa. O que houve?
O menino se encolheu, amedrontado.
- Você disse que ia me colocar naquele colégio horrível. Eu não quero.
O pai riu.
- Ah, é? Foi isso? Mas o ensino lá é muito bom...
- Não. Se eles pegaram aquele cara, bateram nele e depois pregaram ele naquele sinal de mais, só porque ele não sabia matemática, iam querer fazer a mesma coisa comigo...